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MITOLOGIA EGÍPCIA

Mitologia Egípcia

A mitologia egípcia é a coleção dos mitos do Antigo Egito, que descreve as ações dos deuses egípcios como uma forma de compreender o cosmos.

Fontes

As fontes para o estudo da mitologia egípcia são variadas, desde templos, pirâmides, estátuas, túmulos até textos. Em relação às fontes escritas, os egípcios não deixaram obras que sistematizassem de forma clara e organizada as suas crenças. Em geral, os investigadores modernos centram-se no seu estudo em três obras principais, o Livro das Pirâmides, o Livro dos Sarcófagos e o Livro dos Mortos. 

O texto das Pirâmides é uma compilação de fórmulas mágicas e hinos cujo objetivo é proteger o faraó e garantir a sua sobrevivência no mundo dos mortos. Os textos encontram-se escritos sobre os muros dos corredores das câmaras funerárias das pirâmides de Saqqara. Do ponto de vista cronológico, situam-se na época da V e VI dinastias; os Textos dos Sarcófagos, uma recolha de textos escritos em caracteres hieroglificos cursivos no interior dos sarcófagos de madeira da época do Império Médio, tinha também como função ajudar os mortos no outro mundo; por último, o Livro dos Mortos, que inclui os textos das obras anteriores para além de textos originais, data do Império Novo. Esta obra era escrita em rolos de papiro pelos escribas e vendida às pessoas para ser colocada nos túmulos. 

Outras fontes escritas são os textos dos autores gretos e romanos, como os relatos de Heródo (século V a.C.) e Plutarco (século I d.C.).

Cosmogonias

A Enéade de Hilópolis

Segundo a criação de Hiliópolis, no princípio existiam as aguas do caos, Nun. Um dia uma colina de lodo chamada Ben-Ben levantou-se dessas águas, tendo no seu cimo Atum, o primeiro deus. Atum tossiu e expeliu Shu (deus do ar), e Tefnut (deusa da chuva). Shu e Tefnut tiveram dois filhos, Geb, deus da terra e Nut, a deusa do céu. Shu ergueu o corpo de Nut, colocandoa-a acima de Geb, e esta tornou-se a abóboda do céu. Nut e Geb tirveram por sua vez quatro filhos: Osíris, Isís, Seth e Néftis. Osíries tornou-se deus da terra, que governou durante muitos anos; Isís foi a sua mulher, rainha e irmã. Seth o deus seco do deserto invejava o estatuto de Osíries e um dia matou-o. Osíris foi para o mundo subterrâneo e seth tornou-se rei da terra. Osíries teve um filho com Ísis chamad Hórus que decidiu vingar a morte do pai e reconquistar o trono. Hórus derrota Seth e torna-se o novo rei da terra, mas o seu pai permanece no mundo subterrâneo. Néftis era apaixonada secretamente por Osíris, um dia se disfarçou de Ísis e deitou-se com Osíris dando a Luz a Anúbis o deus com corpo de homem e cabeça de cão que presidia o mundo dos mortos. 

Ogdoáde de Hermópolis

Na cidade de Hermópolis, capital do XV nomo do Alto Egito, dominava um panteão do oito deuxes agrupados em quatro casais. A origem destes oito deuses variava: por vezes eram apresentados como os primeiros deuses que existiam; em outros casos eram filhos de Atum ou de Chu. 

Os oito deuses tinham os seguintes nomes e representavam os seguintes conceitos: 

- Nun e Naunet: o caos, o oceano primordial;

- Heh e Hehet: o infinito;

- Amon e Amaunet: o oculto;

- Kek e Kauket: as trevas

Os oito deuses eram denominados como "Hemu", de onde derivou o nome original da cidade de Hermópolis, Khemenu. A designação de Hermópolis para o povoado urbano de Khemenu foi abribuída pelos gregos por associarem um importante deus da cidade, Thot, com o seu Hermes. Estes oito deuses atuavam coletivamente, ao contrário dos deuses dos outros sistemas, que eram autónomos. 

As dinvidades masculinas deste pantão eram representadas como homens com cabeça de rã, enquanto que as feminas eram representadas como mulheres com cabeça de serpente. Considerava-se que estes quatro deuses foram os primeiros seres que existiram; a partir de uma interação entre eles surgiu uam ilha, a chamada "Ilha das Duas Facas", onde estes deuses depositaram um ovo, do qual saiu a divindade Rá, que daria forma ao mundo. Existiam várias teorias para a origem do ovo, sendo este atribuído a um ganso ou um falcão.

Outras variantes do mito afirmava que das águas do oceano primordial emergiu uma ilha, onde mais tarde seria construída Hermópolis. Nesta ilha existia um poço, no qual flutuava uma flor de lótus e onde viviam os oito seres referidos anteriormente. As divindades masculinas ejacularam sobre a flor e fecundaram-na. a flor de lótus fechou-se furante a noite; quando se abriu de manhã dela saiu o deus Rá na forma de um menino que criou o mundo. 

Cosmogonia de Mênfis

Na cidade de Mênfis dominava uma tríade compostas pelos deuses Ptah, a sua esposa Sekhmet e o filho destes, Nefertum. 

A teologia desta cidade é hoje conhecida graças ao texto da Pedra de Shabaka. de acordo com as inscrições da pedra, o texto original tinha sido conservado num papiro guardado nos arquivos de um tempo de Ptah. Este papiro encontrava-se num avanço grau de deterioração quando o faraó Shabaka (século VIII a.C.) ordenou que o texto fosse inscrito numa pedra de granito. Infelizmente os habitantes da cidade acabaram por utilizar a pedra como elemento de um moinho, o que provocou estragos na mesma. Os estudos mais recentes sobre a pedra mostram que o estilo do texto foi premeditadamente escrito de forma a espelhar uma linguagem arcaíca. Neste sistema Ptah era o deus criador. Divindade associada aos artesãos. o deus era representado como um homem com corpo mumificado. Era considerado como o criador de tudo, inclusive dos deuses. 

Ptah criou o mundo usando o coração e a língua. Para os Egípcios o coração era o centro da inteligência, sendo no sistema menfita a língua o centro criador. Ptah era simultaneamente Nun e Nauret (feminino de Nun) e gerou Atum a partir do seu coração e da sua l´´ingua. Este sistema não rejeitava a Enéade de Heliópolis, simplesmente considerava Ptah como criador desa Enéade; Atum era um agente da vontade Ptah. O deus Ptah era também considerado o criador do Ka ou alma de cada ser. 

Sekhmet era uma deusa feroz, que segundo um mito tinha atacado a humanidade por esta ter desrespeitado Rá. Era representada com uma leoa ou como uma mulher com cabeça de leoa. Nefertum era o deus da felicidade, sendo representado como um jvoem com uam flor de lóts na cabeça. Mais tarde, Nefertum seria substituído como filho deste casal por Imhotep, personagem que teve existência histórica (foi o vizir do rei Djoser da III Dinastia). 

Cosmogonia de Tebas

O nome egípcio de Tebas, cidade do Alto Egito próxima da Núbia, era Uaset. Mais uma vez deve ser salientado que a designação de "Tebas" é de origem grega. Tebas foi durante bastante tempo uam cidade pouco relevante. A partir do Império Novo ela adquire grande importância, relacionada com o fato dos reis fundadores da XVIII Dinastia (uma das dinastias que constituem o Império Novo), serem oriundos da cidade. Estes reis foram responsáveis pela expulsão dos Hicsos, povo estrangeiro que dominou o Egito. Assim, quando Tebas se transformou na capital do Egito não foi só a cidade que ganhou importância, ams também os seus deuses. O principal deus de Tebas era Amon, representado como um homem com uma túnica preta e duas plumas da cabeça; poderia também ser representado como um carneiro ou um ganso. Como foi referido anteriormente, Amon estava associado ao oculto. Os sacerdotes tebanos aproveitaram elemento de outros deuses que atribuíram a Amon. Em concreto, Amon passou a ser visto como o demiurgo, retirando essa função ao deus Rá. Os sacerdotes afirmam também que Amon era o monte primordial, tendo sido Tebas a primeira cidade a existir no mundo e que por conseguinte, ela deveria servir como modelo a todas as outras cidades. 

Na cidade de Tebas a esposa de Amon não era Amaunet, como referia a cosmogonia hermopolitana, mas Mut. Este casal tinha um filho, Khonsu, uma divinidade lunar. 

Cosmogonia de Elefantina

Elefantina é o nome grego de uma pequena ilha do Nilo situada junto da primeira catarata. Nesta ilha dominava uma tríade encabeçada por Khnum, divindade com uma cabeça de carneiro, que representava a criatividade e o vigor. Para os Egípcios, Khnum criava dos seres humanos no seu torno, tal como o leiro cria as suas peças. As esposas de Khnum eram Satet e Anuket (ou talvez, segundo outra hipótese, seriam respectivamente esposa e filha do deus). Satet era responsável pela inundação do Nilo (que gerava a fertilidade dos solos no Antigo Egito) e Anuket encontrava-se também associada ao elemento água. 

Alma Egípcia

Alma egipcia é um conceito metafísico egípcio de alma-coração, o princípio de sete almas que seria levada durante toda a vida. 

Para os antigos egípcios, a religião focava a imortalidade. Portanto, a vida futura era altamente desejável. Isso pressupões a crença de que havia uma alma imortal que viveria após a morte do corpo físico e essa alma, para nós, atualmente, é um conceito bastante complexo. 

A alma, seu ser, era composto de partes diversas. Não existia apenas a forma física, e sim, havia oito partes imortais ou semi divinas, que sobreviviam à morte. Portanto as oito partes imortais mais o corpo completariam as nove partes do ser humano. 

O significado exato de Ka, Ba, Akh, Sekhem, e outras expressões não são ainda muito claros para nos. Os estudiosos partem do princípio de comparar a cultura egípcia antiga com a nossa e assim ficamos mais confusos porque as ideias são diferents. 

Nas tumbas, o Livro dos Mortos, que na verdade tem o nome de Saída para a Luz do Dia, é uma coleção de textos que aborda toda a viagem do morto rumo a vida pós morte. Através da leitura desses textos é possivel tentar entender os conceitos dos antigos egípcios.

Ib (coração)

A parte mais importante da alma egípcia era o Ib (jb) o coração. O Ib, ou coração metafísico, era concebido como uma gota do coração da mãe para a criança durante a concepção. Achados arqueológicos retratam esta concepção com a iamgem de uma pessoa que é encaminhada pela deusa Maat após a morte. 

O tempo ab ou ib foi usado também pelos hebreus para denominar a divindade máxima da religião monoteísta, Deus Segundo esta etimologia ab são as duas primeiras letras do alfabeto hebraíco e grego, respectivamente: a=aleph e alpha ou no hebraíco pai; e b=bet e beta ou no hebraíco útero ou casa e é uma palavra feminina. A união destas compõe a própria palvra alfabeto ou A Palavra, o Verbo, segundoa a Bíblia, o próprio Deus ou ainda, dentro de uma concepção hebraíca, pai e mãe: numa concepção egípcia o coração da deus. 

O Livro

Na verdade não era um livro e sim uma coletânea de textos creditados ao deus Thot e seu objetivo era ajudar a alma do morto a enfrentar a vencer os obstáculos, num caminho muito difícil. 

Para chegar ao Amenti, era preciso cruzar os 21pilares, passar pelas 15 entradas, cruzar 7 salas para chegar ao Saguão das Duas Verdades onde seu coração, frente a Osíris e aos 42 juízes vai ser psado. 

Caso o julgamento fosse favorável ao morto, Hórus o conduzia ao trono de Osíris que indicava seu lugar no reino além da morte. Se o morto estivesse cheio de pecados, seria comido pelo Ammut, o devorador de mortos. Após ser devorado a alma do julgado ficaraia desfeita. 

Partes da Alma Egípcia

As partes da Alma egípcia incluem:

Khat - A forma física, o corpo que pode se desintregrar após a morte, a parte externa dos mortais que pode ser preservada apenas pela mumificação. 

O Ka, o Ba e o Akh são às vezes traduzidos como o Duplo, A Alma e o Espírito, mas isso não explica todas as nuances que estão implicitas nesses conceitos. 

Ka - Imagine que o deus criador Khnum, criou o Ka da pessoa quando criou essa pessoa em sua roda de oleiro. O Ka então passa a seguir a pessoa como uma sombra ou um duplo, durante toda a vida, mas quando a pessoa morre, o Ka retornar para sua morada celeste.  A preservação do corpo, as oferendas de comida, sejam reais ou apenas gravadas nas paredes da tumba, propiciavam energia ao Ka. Não que ele comesse, mas assim como as estátuas dos deuses, o Ka assimilava energia. Os egícpios acreditavam que os animais, plantas, água e as pedras, por exemplo todos possuíam seu próprio Ka. O Ka humano até podia habitar uma planta, enquanto a pessoa aquem ele pertencia, dormira. O Ka podia se manifestar, como um fantasma para outras pessoas, tanto fazia se a pessoa quem ele pertencia estivesse viva ou morta. Podia até apavorar as pessoas que por acaso tivessem feito algum mal para seu possuidor - se, por exemplo, a família não tivesse eito as oferendas devidas, o Ka faminto e sedento, os assombraria até que corrigissem seu erro. Na vida diária, ao dar comida e bebida para alguém, os antigos egípcios costumavam usar a frase "Para o seu Ka", para desejar energia vital do Ka. 

Ba - O Ba podia assumir a forma que desejasse, em geral ele se apresentava na forma de um pássaro com cabeça humana, que flutua em torno da tumba durante do dia, alimentando o falecido com água e comida. A função mais importante do Ba era tornar possível que o morto, abandonasse a tumba para se reunir ao seu Ka, de modo que pudesse viver para sempre e se tornar um Akh, um ancestral. O conceito de Ba era mais ligado ao corpo físico e não como alma ou espírito. 

Akh (Akhu, Khu, Ikhu) - É o resultado da união do Ba e do Ka. É a parte imortal, o ser radiante que vive dentro do Sahu. Significa o intelecto, os desejos e intenções do falecido. A Akh se transfigura na morte, e sobe aos céus para viver com os deuses entre as estrelas. 

Sahu - É o corpo espiritual. Caso o morto se saia bem no Julgamento de Osíris, o Sahu sobe aos céus saindo do corpo físico, como todas as habilidades mentais de um ser humano vivo. 

Sekhem - É a personificação incorpórea da força vital do homem, que passa a viver entre as estrelas junto com Akh, após a morte física. 

Ab (ib) - O coraçãoa, esta é a fonte do bem e do mal dentro de uma pessoa. É o caráter e o centro dos pensamentos, que pode abandonar o corpo de acordo com sua vontade e viver junto com os deuses após a morte, ou ser engolida por Ammut, assim tendo a morte final, quando os prato da balança de Maat se equilibram.

Ren - O nome verdadeiro. É a parte vital do home em sua jornada através da vida e do pós vida. Para compreender melhor, basta saber que o deus criador (em Mênfis) Ptah, criou o mundo dizendo o nome de todas as coisas. Um recém nascido, devia receber um nome imediatamente senão estaria vivendo uma existência incompleta. As cerimônias de nomeação eram secretas, de modo que, uma pessoa podia viver toda sua vida usando um apelido para que ninguém descobrisse seu nome verdaeiro. Destruir ou apagar o nome de uma pessoa podia certamente trazer a desgraça. Muitos sequer pronunciavam o nome verdadeiro de um deus, usavam sinônimos em seu lugar,como Yinepu (Anúbis) era semrpe chamado "Aquele que está de frente para tenda divina", que significava a casa da mumificação. Desse modo o ome verdadeiro do deus ficava escondido e protegido. Os egípcios acreditavam que aquele cujo nome fosse falado, vivia. Assim sendo, fazer oferendas e dizer o nome de um falecido amado, significava que aquela pessoa vivia entre os iluminados. A única pessoas que poderia destruir os poderes dos demônios, era aquela que soubesse seus nomes. Ao viajar através do mundo subterrâneo, se usava dizer: eu conheço você e sei seus nomes. 

Shwt - Num pais como o Egito, com um Sol escaldante, é possível fazer uma analogia com a proteção e a bênção que é a sombra. Assim, a sombra era vista também como uma entidade que podia se separar do corpo, participar das oferendas funerárias e viajar com grande velocidade. 

Os Campos de Ialu

Era o local onde o morto passaria sua pós vida, também poderia ser dito, entre as estreitas ou nas Terras do Oeste. Enquanto o Khat descansa na tumba, pronto para ser reanimado pelo Ka, o Ba pode estar viajando com n omundo subterrâneo com Ra. enquanto o Ab está com os deuses, a Shwt (sombra) pode estar com Ba na barca, ou na tumba comendo as oferendas. Ao mesmo tempo, o Akh, Sekhem e Sahu podem estar felizes vivendo entre as estrelas, olhando para a Terra lá embaixo. 

Religião do Antigo Egito

A religião no Antigo Egito refere-se ao complexo conjunto de crenças religiosas e rituais praticados no Antigo Egito. Não existiu propriamente uam religião egípcia, pois as crenças - frequantemente diferentes da região para região - não eeram a parte mais importante, mas sim o culto aos deuses, que eram considerados os donos legítimos do solo, terra que tinham governado no passado distante. 

Este conjunto de crenças foi praticado no antigo Egito desde o período pré-dinástico, certa de 3000 anos a.C., até o surgimento do cristianismo. Inicialmente, er uma religião politeísta por crer em várias divindiades, como forças da natureza. Com o passar dos séculos, a crença se diversificou, sendo considerada henoteísta, porque acreditava em uma divindade criadora do Universo, tendo outras forças independentes, mas não iguais em poder a este. Também pode ser considerada manoteísta, pois tinha a crença em um único deus, as outras divindades eram neteru (plural de neter), participantes da criação e manutenção da realidade, mas ainda assim inferiores em poder ao grande Ser Supremo. Amenófis IV instaourou o monoteísmo, que feneceu tão logo Amenófis morreu. A religão era praticada em templos e santuários domésticos. Atualmente, minorias ainda cultuam os deuses egípcios antigos. O Kemetismo, por exemplo, é uma reconstrução neopagãda religião egípcia ainda praticada atualmente. 

Divindades

As várias divindidades egípcias existentes caracterizavam-se pela sua capacidade de estar em vários locais ao mesmo tempo e de sobreviver a ataques. A maioria delas era benevolente, com exceção de algumas divindades com personalidade amis ambivalente como as deusas Sekhmet e Mut. Um deus poderia também assumir várias formas e possouir outros nomes. O exemplo mais claro é o da divindade solar Rá, que era conhecido como Khepri, representado como um escaravelho, quando era o sol da manhã. Recebia o nome de Atum enquanto sol do entardecer, sendo visto como velho e curvado, um deus esperado pelos mortos, que se aquecem com os seus raios. Durante o dia, Rá anda pela Tera como um falcão. Estes três apectos e outros setenta e dois são invocados numa ladainha sempre na entra dos túmulos reais. Estas divindades eram agrupadas de várias maneiroas, como em grupos de nove deuses (as Enéades), de oito deuses (as Ogóades), ou de três deuses (tríades). A Heliópolis, presidia pela divinidade solar Rá. 

Cosmologia e Criação

O princípio do Universo é a formação única de Deus, que não se fez do nada, e sim, autocriou seus aspectos. Os aspectos de Deus, como dito anteriormente, chamam-se neteru (no singular: neter no mascuino e netert no feminino). Tudo vem a início de um liquido infinito cósmico chamando Nun (Nu ou Ny): este é o "ser objetio". Quando esse líquido se autocria e torna-se real, é Atum, o "ser objetivo". Essa passagem é semelhante à passagem de inconsciente para consciente do ser humano. Atum criou uma massa única universal que deu origem a uma explosão, porém pré-planejada. Atum também tem o poder de "tornar-se a si mesmo", que, segundo os antigos egípcios, é algo muito complicado para um humano, seria uma "obra divina". Mas isto é o principio da Terra. A oração para a transformação de Atum é a seguinte: 

Saudamos a vós, Atum!

Saudamos a vós, aquel que torna a si mesmo!

Vós sois em vosso nome o altíssimo!

Vós tornais em vosso nome Khepri, aquele que se torna si mesmo!

Khepri é um nome dado ao primeiro neter da Terra, Rá, o que é outra forma de Atum. Para criar a Terra, Rá deu origem ao Sol da manhã, enquanto o Sol da tarde era Atum. Cuspiu Shu e Tefnut, que deram origem a ar e umidade. A seguir outro texto de "obra divina". 

Fui anterior aos dois anteriores que criei, pois tinha prioridade sobre os dois anteriores que criei. 

Visto que meu nome é anterior ao deles, porque crieio-os antes dos dois anteriores. 

Os próximos neteru e a serem gerados eram Geb e Nut, que criaram os dois ambientes da Terra: o céu e a terra. Estes também deram origem aos quatro neteru da vida: Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Osíries criou a vida no além e todo o processo de jornada até o céu. Ísis é responsável por todos os seres vivos. Seth representa os opostos, mas também coisas más, como ódio e caos. Néftis representa o deserto, a orientação, e o ato de morte. A história desses quatro neteru é a origem do próximo a ser gerado. Lembrando que as próximas histórias são semelhantes aos humanos porque esses neteru eram de espécies bem prpoximas aos humanos. Existem milhares de versões, no geral a história é a seguinte: Osíris, era o neter que criou o ciclo da vida e morte, por isso governava a terra. Seth, movido a inveja, resolveu armar uma forma de matá-lo. 

Então, de forma incerta, provavelmente mostrado outra intenção, o trancafiou em um caixão e jogou no Nilo para se perder e ninguém nunca achar. Néftis percebeu isso e avisou Ísis, quando começaram a procurar e encontraram um caixão, e recuperaram Osíris. Seth como era uma forma do mal, esquartejou a forma material de Osíris em 40 pedaços e espalhou-os por todo o deserto e no Nilo. Ísis, depois de muito tempo, conseguiu encontrar todos eles, exceto o pênis, que foi devorado por três peixes. Ísis então fez um pênis ela mesma para Osíris, então Osíris uniu-se a Ísis e gerou um filho. O filho era Hórus, o herdeiro que então lutou contra Seth, perdendo um olho na batalha, mas conseguiu vencê-lo. Esse olho ficou conhecido como "Olho de Hórus", que foi reconhecido como símbolo de proteção pelos egípcios. A seguir uma oração relacionada a isso: 

Ó benevolente Ísis, que protegeu o seu irmão Osíris, que procurou por ele incansavelmente, que atravessou o país enlutada, e nunca descansou antes de tê-lo encontrado. 

Ela, que lhe proporcionou sombra com suas asas, e lhe deu a com suas penas, que se alegrou e levou o seu irmão para casa. 

Ela que reviveu o que, para o desesperançado, estava morto, que recebeu a sua semente e concebeu um herdeiro, e que o alimentou na solidão, enquanto ninguém sabia quem era... 

Hórus também era conhecido como o "salvador da humanidade". Depois disso, Seth se tornou um neter menor. 

Os templos

Os templos no Antigo Egito eram entendidos como os locais onde residia a divinidade (hut-netjer, "casa do deus"), que poderia ser acompanhada pela sua família e por outras divindades, sendo, por isso, muito diferentes dos modernos edíficios religiosos. Os templos dos períodos mais antigo da história do Antigo Egito, como o Império Antigo e o Império Médio, não chegaram em bom estado até aos dias de hoje, pelo que são as construções do Império Novo e da época ptolamaica que permitem o conhecimento da estrutura dos templos. Na estrutura "clássica" dos templos egípcios podem ser distringuidas três partes: o pátio, as salas hipóstilas e o santurário. A entrada de um templo, encontravam-se obeliscos e estátuas monumentais, que antecidiam o pilone. Nos templos dos Império Novo, é comum a existência de uma avenida de acesso ladeada por esfinges com corpo de leão e cabeça de carneiro (que se acreditava protegerem o tempo e o deus), naqual desfilava a procissão em dias de festa. 

Um pilone era uma porta monumental composta por duas torres em forma de trapézio, entre as quais se situava a entrada propriamente dita. Nas paredes do pilone, representavam-se as divindades ou, muitas vezes, a cena clássica na qual se vê o faraó a atacar os inimigos do Egito. Passando o pilone, existia um grande pátio (uba), a única zona acessível ao público, onde a estátua da Divindade era mostrada nos dias de festa. O pátio era rodeado por colunas e possuía por vezes um altar (aba), onde se efetuavam os sacrifícios. Este pátio precedia uma sala hipostila (ou seja, uma sala de colunas), mais ou menos imersa na escuridão, que antecedia outras salas onde se guardavam a mesa de oferendas e a barca sagrada. Finalmente, achava-se o santuário do deus (kari). Se os faraós entendessem ampliar um templo construíam-se novas slas, átrios e pilones. Os templos mais importantes poderiam possuir um lago sagrado, nilómetros, per ankh (casa de vida), armazéns e locais para a residência dos sacerdotes. 

O culto nos templos 

Teoricamente, o rei egípcio tinha o dever de realizar a liturgia em cada templo. Uma vez que ra fisicamente impossível para o rei estar presente em todos os templos que existiam no Egito, o soberano nomeava representantes para realizar as cerimônias a deus. Os reis só visitavam os templos em ocasiões especiais associadas a festivais, o que não impedia que fossem representados nos templos fazendo oferendas às divindades. A vida nos templos seguia o curso da vida normal, Antes do nascer do sol, abatiam-se os animais que seriam oferecidos as divindades. Os sacerdotes purificavam-se com água, e, vestidos com trajes brancos, entravam em procissão no templo. No pátio do templo, os sacerdotes apresentavam as suas oferendas e queimavam incenso. Um sacordote dirigia-se ao santuário da divindade, localizada na parte mais reservada do templo. Aqui, o sacerdote ascendia um archote e abria o naos, tabernáculo onde se guardava aa estátua da divindade. O sacerdote apresentava-se à divindade e anunciava vir cumprir os seus deveres. Limpava o tabernáculo, queimava o incenso, lavava a estátua e aplicava sobre ela óleos, vestia-a, maquialhava-sa e colocava-lhe a coroa. Terminando este processo, o sacerdote colocava a estátua no naos, abandonando a sala e apagando o archote e as pegadas que havia feito. Ao meio-dia, poderia ser feita uma nova cerimônia na qual se ofereciam alimentos. 

Sacerdotes 

No Antigo Egito, não existiu uma estrutura sacerdotal centralizada; cada divindade possuia um grupo de homens e mulheres dedicados ao seu culto. O termo mais comum para designar um sacerdote em egípcio era hem-nejer, o que significa "Servo de Deus". Não se sabe em que época da história egípcia se estruturou o grupo sacerdotal. Na época do Império Antigo, os sacerdotes não estavam ainda organizados em corpos fixos como sucerderia no Império Novo. De acordo com os Textos das Pirâmides, datados do Império Antigo, os reis tinham cinco refeições dirariamente: três no céu e duas na terra: estas últimas estavam a cargo dos sacerdotes funerários. As fontes do Império Novo mostram que os sacerdotes estavam organizados em quatro grupos (em grego: phyles), cada um dos quais trabalhava durante um mês cada três meses. Durante os oito meses que tinham livres, os sacerdotes levavam uma vida comum inserida na comunidade, junto das suas esposas e filhos. O clero egípcio estava estruturado de forma hierárquica. O rei era, em teoria, o líder de todos os cultos egípcios, mas, como já foi referido, este delegava o seu poder a outro homem devidamente preparado por deus: O Sumo Sacerdote, sacerdote, por sua vez seguido do terceiro e quarto sacerdote. O grupo seguinte era o dos "pais divinos" e "dos puros". Existiam também os sacerdotes leitores, os que calculavam o momento ideal para realizar determinada cerimônia através da observação do sol ("horólogos") e os que terminavam os dias fastos e nefastos ("horóscopos"). Finalmente, pode distinguier-se um grupo dedicado aos serviços de manutenção do templo (imiu-seté). As mulheres também trabalhavam nos templos seguindo o mesmo regime de rotatividade dos homens. Frequentemente, estas mulheres eram esposas dos sacerdotes. As mulheres poderiam ser cantoras (chemait), músicas (hesit) ou dançarinas (khebait). Durante o Império Antito e o Império Novo, muitas mulheres da classe abastada serviam a deusa Hathor. No culto de Amon, o cargo mais importante ocupado por mulheres era o de "Adoradora Divina". As mulheres que ocupavam este cargo foram filhas ou irmãs do faraó governante. 

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